Cícero Marques da Silva esteve desaparecido por quase 30 anos. Conhecido como Francisco, ele vivia em situação de rua em Arcoverde, evitando contato com as pessoas, sem cortar a barba e o cabelo, usando vestimentas improvisadas e mantendo uma postura de isolamento. Durante esse período, apenas Carlos — que, com amor e dedicação, conquistou sua confiança — conseguia ajudá-lo de forma mais próxima.
Francisco sempre resistiu a falar sobre sua história e a aceitar ajuda mais aprofundada. No entanto, em junho de 2021, em meio à pandemia da Covid-19, a campanha de vacinação acabou se tornando um ponto de aproximação e mudança em sua vida.
A história, contada pelo jornalista Tiago Felipe, rapidamente viralizou e emocionou o país. Após receber a vacina, Francisco sofreu uma queda e machucou o ombro, momento decisivo em que finalmente aceitou ajuda. A partir daí, foi organizado um verdadeiro mutirão solidário, envolvendo bombeiros, profissionais de saúde, um barbeiro e, claro, Carlos, seu companheiro de sempre.
Francisco recebeu cuidados médicos, higiene, alimentação e teve sua aparência transformada. Apesar da mudança visível, ainda não havia informações sobre sua identidade.
Aproveitando a oportunidade, Carlos decidiu levá-lo até Lajedo, município vizinho a Arcoverde. Essa era a única pista que se tinha sobre a possível origem de Francisco. Durante uma visita à cidade, ele foi apresentado a fiéis da Igreja Matriz de Santo Antônio durante uma missa, o que fez a notícia se espalhar rapidamente.
A agricultora Antônia demonstrou interesse ao perceber semelhanças entre Francisco e um irmão desaparecido há mais de 20 anos, chamado Cícero. A confirmação veio por meio de um projeto do Ministério da Justiça voltado à localização de pessoas desaparecidas, utilizando testes de DNA. Não restou dúvida: Francisco era, de fato, Cícero Marques da Silva.
O caso entrou para a história ao se tornar o primeiro registro de uma pessoa encontrada viva por meio de uma campanha nacional de coleta de material genético de familiares em busca de parentes desaparecidos.
O reencontro, também registrado pelo jornalista Tiago Felipe, foi marcado por forte emoção. Após quase três décadas, com a ajuda da ciência e da solidariedade, Antônia pôde finalmente encerrar a busca pelo irmão, que hoje vive com ela em Lajedo.
Nesta terça-feira, 24 de dezembro, Cícero — conhecido por muitos anos como Francisco — celebrou seus 63 anos de vida. A data foi comemorada em Arcoverde, em mais um reencontro que já faz parte da história da cidade.

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