Arcoverde tem noite de poesia, manguebeat, trap e reggae no palco Pernambuco Meu País

 


O município de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, vivenciou uma noite memorável e singular nesta sexta-feira (29/08). O Festival Pernambuco Meu País deu início à programação do palco homônimo com apresentações que extasiaram pessoas de todas as idades e preferências musicais, reafirmando o perfil democrático e versátil do evento. O Pátio da Estação da Cultura, no centro do município, ficou pequeno para tantas nuances da cultura popular pernambucana e brasileira, envolvendo o público que foi convidado a experenciar as paisagens sonoras e poéticas de Lirinha, a crítica social que marca o movimento manguebeat da Nação Zumbi, a força e a experimentação do trap com Wiu e a leveza do consagrado reggae de Maneva. 



Unindo dança, música, poesia e figurino alegórico, tudo o que há de mais belo das raízes culturais pernambucanas, o espetáculo Pernambuco Meu País, com direção coreográfica de Maria Paula Costa Rêgo, direção musical de Maciel Salu e projeção digital de Gabriel Furtado, abriu os caminhos de uma noite mágica em Arcoverde. A apresentação reúne renomados artistas pernambucanos da cena contemporânea, dançarinos, cantores, músicos e poetas, abrindo oficialmente a programação com muita beleza e sensibilidade, encantando logo de cara aqueles que já marcavam presença no pátio de eventos.



Em seguida, a grade de shows que já tinha prometido tudo entregou muito mais. Natural de Arcoverde, Lirinha subiu ao palco com toda a sua presença performática e poética, relembrando que aquelas eram composições que ele havia dado luz ali mesmo, em suas andanças pelas ruas daquela cidade que lhe inspirou, deu vida, poder de arte e criação, além de uma trajetória autêntica no cenário musical. Lirinha deu início ao seu show "José Paes de Lira canta Lirinha" com a música "Sistema Lacrimal", levantando o público que prestigiou em peso o conterrâneo. A sequência continuou com faixas como "Amo Vinil", "Ela Vai Dançar a Noite Inteira" da banda Eddie, "Ah Se Não Fosse o Amor", "Ai Se Sêsse", "Jabitacá" (que inclusive já foi gravada por Gal Costa), "Liberdade, a Filha do Vento", "Preta", entre outras do seu mais recente trabalho. O auge foi quando o multiartista evocou o Cordel de Fogo Encantado, grupo que há tempos não tem aparição mas que em breve voltará aos palcos como um grande presente aos nostálgicos. "Os Oim Do Meu Amor", "Morte e Vida Stanley" e "A Matadeira" foram canções de Cordel que fizeram o público entrar numa mesma frequência energética, ecoando cada letra em uma declamação coletiva.



"Anunciamos há 12 dias mais uma temporada de shows do Cordel do Fogo Encantado, um novo espetáculo, uma nova história. E eu vou dizer em primeira mão aqui para vocês o nome do show: "Palavras para Colorir o Céu". É um espetáculo muito ligado à literatura, à palavra, trazendo, evocando uma das características que faz parte do nome da banda que é a literatura do Cordel. A gente sempre adiou esse momento em que a palavra seria protagonista e agora o Cordel vem com isso", revelou Lirinha em entrevista coletiva na sala de imprensa do Festival Pernambuco Meu País. 



Depois de um show emocionante, o público também não se conteve com a tonelada que pesa o maracatu da Nação Zumbi. Foram momentos de liberar energia e só sentir o que faz do grupo ser o precursor do Movimento Manguebeat que surgiu entre rios, pontes e overdrives no Recife, ao lado do mestre Chico Science. "Foi de Amor", "Novas Auroras", "Um Passeio No Mundo livre", "A Melhor Hora da Praia", "Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada", "Manguetown", "Samba Makossa", "A Praieira" e "Maracatu Atômico" foram hits que fizeram o público se entregar ao estilo "mangue boy" e "mangue girl". Um grande destaque foi a participação de Maciel Salu e do caboclo de lança Gabriel Salu, que cantaram e dançaram em performance junto a Jorge Du Peixe e aos músicos da Nação Zumbi.


"A gente tocando, dividindo o palco com o Lirinha, que é conterrâneo, que é local, e que a gente já tem uma aproximação há um bom tempo, né? Posso dizer que três décadas. De 30 anos pra cá muita coisa se consolidou, e a gente tem consciência que faz parte do grito dado lá trás em 1994. E ter um festival chamado Pernambuco Meu País, que a gente está fazendo parte, com certeza é um prazer e uma honra", expressou Jorge Du Peixe, vocalista da Nação Zumbi. 



Após o show da Nação Zumbi, foi a vez do trap, que é uma das vertentes do movimento Rap e Hip Hop, mostrar a que veio no Festival Pernambuco Meu País. O público já ia lotando cada vez mais o pátio quando Wiu subiu ao palco misturando o ritmo a elementos do pop e empolgando muitos jovens que ali estavam aguardando ansiosos pela apresentação. "Fico muito feliz que a galera consiga encontrar uma forma de se conectar também, porque o rap e o hip hop é mais alto na cultura de rua, é você fazer muito vindo do pouco, tá ligado? Então, cada vez mais que eu puder, tá passando a minha mensagem, eu vou estar muito feliz", ressaltou o cantor Wiu. 


A noite foi finalizada com a leveza e a paz do reggae de Maneva, que vem celebrando 20 anos de carreira fazendo shows pelo Brasil inteiro. "Eu acho que o repertório foi pensado lá atrás, sabe? Eu acho que foi pensado a partir do momento que a gente teve essa ideia de celebrar esses 20 anos. A gente traz essa turnê que celebra 20 anos, celebra muitas passagens aqui pelo Nordeste, celebra muitas passagens pelo Brasil, e a partir do momento que a gente consegue trazer um show que pensou lá atrás ser tão bem recebido aqui no Nordeste... A gente vê, como eu falei anteriormente, que a gente tá no caminho certo porque aqui realmente é uma prova de qualidade", comemorou Thales, vocalista do grupo Maneva. O show reuniu canções como "Incenso", "Daquele Jeito" e "Me Leva". 


Sobre o Festival Pernambuco Meu País

O Festival Pernambuco Meu País é uma iniciativa do Governo do Estado de Pernambuco, promovida por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE), da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e da Empetur, em parceria com os municípios-sedes participantes. O evento tem como propósito valorizar e difundir a diversidade cultural pernambucana, fortalecendo a economia criativa, estimulando o turismo e promovendo o acesso democrático à arte em suas múltiplas linguagens.

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