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Venezuelanos superam portugueses e passam a ser a maioria entre estrangeiros no Brasil, mostra IBGE

 

Dados do Censo Demográfico 2022 divulgados nesta sexta (27) mostram que entre 2010 e 2022, houve forte crescimento dos residentes naturais de países estrangeiros no Brasil, sendo que o total passou de 592 mil para 1,0 milhão de pessoas, um aumento de 70,3% no período.

Esse fenômeno reflete uma mudança na tendência observada nas décadas anteriores, visto que desde o Censo de 1960, o país vinha apresentando uma redução do número de estrangeiros e naturalizados brasileiros.

Também houve mudança em relação ao local de origem dessas pessoas. A população de estrangeiros e naturalizados brasileiros nascidos na América Latina saltou de 183 mil em 2010 para 646 mil em 2022, com grande influência dos imigrantes nascidos na Venezuela (272 mil), cujo país de origem está sob o regime autoritário de Nicolás Maduro, enquanto que, entre os europeus, houve uma redução de 263 mil para 203 mil no mesmo período.

“Em 2010, os nascidos em Portugal era o grupo mais numeroso nesse segmento da população, dando lugar, em 2022, aos nascidos na Venezuela, tendo o país europeu passado ao posto de segunda maior naturalidade estrangeira no Brasil. Houve também um importante aumento dos naturais de outros países da América Latina, e por outro lado, uma redução dos nascidos na Europa de um modo geral”, afirma Marcio Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE.

Outro dado que confirma um movimento mais recente de imigrantes é a análise segundo ano em que fixaram residência no Brasil. Entre o 1,0 milhão de estrangeiros e naturalizados residindo no Brasil em 2022, 460 mil imigraram até 2012, 151 mil entre 2013 e 2017 e outros 399 mil entre 2018 e 2022, evidenciando que esse o fluxo mais recente já é responsável pela maior parte das pessoas nascidas no exterior residindo no Brasil.

Entre Censos, imigração venezuelana salta de 2 mil para 198 mil pessoas

Em relação ao quesito de data fixa, que investiga onde os imigrantes internacionais residiam cinco anos antes da pesquisa censitária, a comparação entre Censos indica um aumento expressivo no fluxo imigratório internacional, pois no quinquênio anterior ao Censo 2010 o fluxo foi de 268 mil imigrantes, enquanto no Censo 2022, 457 mil pessoas.

Houve uma mudança significativa na composição dos fluxos migratórios internacionais para o Brasil, marcada pelo expressivo crescimento da imigração venezuelana, que saltou de 2 mil indivíduos para 199 mil, no período de 5 anos anteriores aos censos de 2010 e 2022, respectivamente, consolidando a Venezuela como a principal origem de imigrantes no país.

De forma geral, ao longo da última década há um crescimento intenso na proporção de imigrantes oriundos da América Latina, que passaram de 27,3% em 2010 para 72,0% em 2022.

“Embora o crescimento da região tenha sido impulsionado sobretudo pela imigração a partir da Venezuela, outros países como Bolívia, Haiti, Paraguai, Argentina e Colômbia também se destacam como importantes países de origem dos fluxos de migração internacional no Brasil”, analisa Minamiguchi.

Esse aumento ocorre simultaneamente à redução da participação de fluxos provenientes da Europa (29,9% para 12,2%) e do Norte da América (20,4% para 7,0%).

O gerente explica que esses contingentes demonstram uma retração expressiva tanto em termos relativos quanto absoluto e destaca que os fluxos advindos do chamado Norte Global são caracterizados pelo de retorno de brasileiros que residiam no exterior, ao contrário dos países do Sul, que são em sua maioria, pessoas estrangeiras.

“Como no Censo 2010 os Estados Unidos da América, Japão e Europa somados respondiam pela maior parte dos fluxos à época, e são localidades em que o perfil do migrante é de brasileiro retornado, os fluxos migratórios internacionais não compensavam o efeito da mortalidade das gerações de estrangeiros que imigraram para o Brasil no passado. Em 2022 observamos a inversão dessa tendência histórica que era observada desde o censo 1960”, completa.